sábado, 20 de agosto de 2011

O meu "você"; O seu "eu"

De todos os olhares, é daquele que jamais tive que sentirei falta. O último, o fantasiado, aquele que ninguém – ou nada – que não fosse a minha própria imaginação poderia ter conferido a consistência e força perfeita. O brilho adequado… cada fechar e abrir de pálpebra no momento exato. Isto porque foi imaginado, desejado, idealizado, como na verdade todo o resto. Manias, manias de idealizar o que se deseja e se esquecer de que o real passa longe disso.

O olhar é importante, porque é uma parte representativa essencial de todo o ser. “Olhos são as janelas da alma”, afinal. E, portanto, sinto que novamente vacilei em minha idealização.

Não estou exatamente me culpando. Todos idealizam e ninguém é realmente visto como é. Eu não sou o que as pessoas vêem, e cada uma vê um “eu” diferente, que é ainda mais estranho que o original. Na realidade, se somarmos como cada um vê ao outro, o mundo teria uma superpopulação que certamente não seriam reconhecidos pelo “eu” original.

É importante ter a sua personalidade, a sua maneira única de pensar, as suas idéias e ideais. Mas isso não muda a coisa toda. Você ainda será visto de maneira errada, com características que as pessoas desejam atribuir a você, porque essa é a válvula de escape que toda a humanidade tem para que sejamos agradáveis uns aos olhos dos outros: fantasiar.

Eu não sou o que você pensa. Você está longe de ser o que eu penso. E mesmo assim o mundo continua girando e, veja bem, é esse o motivo de eu gostar de você e você de mim. Só precisamos ter um pouco de cuidado com os exageros, ou as frases “você me decepcionou” ou “Eu estava errado sobre você” machucarão – por mais verdadeiras que possam ser – a pessoa errada nos momentos finais. Principalmente porque a maior culpa (me contradigo aqui ao dizer que não estava me culpando alguns parágrafos acima?) é do idealizador. O objeto idealizado não tem a menor culpa de ser idealizado.

O que ela é está ali, claro, mesmo que ela tente se camuflar sob os panos de idealização que teceram para ela, e são apenas os nossos olhos – janelas embaçadas, neste caso – que não querem vê-la como é.


I had a vision I could turn you right
A stupid mission in a lethal fight
I should have seen it when my hope was new

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Alarde

Que tem de doce a vida quando em mim explode?
Um chumaço do frasco da minha ferida
A cada dia morre como incandescência
E como cala o dia quando precipita...

O meu amor todo verso encomprida
A cada nova estrofe, de querer somente
O peito morde, e o calar da vida
Canta os veraneios de novo afluente.

E agora tola, e feliz tola ou muda
Muda dos versos que já não me descem
Ou das miúdas coisas tolas que semeio;

Porque o silêncio conta a coisa aguda
Dos que sentem tanto, e que se não fenecem,
Fazem da vida a agulha no febril palheiro.

terça-feira, 19 de julho de 2011

1, 2.. 10, 20 perdi a contas

Um dia talvez você entenda o quanto a sua distração me dói, o quanto esse seu silêncio me rasga. Eu desisto, aprendo a viver sozinha por questão de sobrevivência, eu me conformo, eu me rendo e dou a volta por cima, você vem e sorri. Perfeição é uma coisa que você nunca vai encontrar em mim eu não planejei nada disso, só aconteceu e eu acho realmente que tudo aconteceu do jeito que devia acontecer eu aprendi a dizer adeus. Duvido que você saiba exatamente o que está sentindo, o tempo corre e a gente vai descobrindo jeitos de se proteger, minhas orações mudaram e eu não peço por cargas mais leves e sim por ombros mais fortes, eu posso cair, mas não vou ficar no chão e se houvesse um jeito de voltar atras? Nunca seguiríamos em frente é sempre assim, as coisas passam, ficam, mudam, a vida tem o costume de voltar as vezes e nessas voltas eu já cansei de deixar ser sabendo que amanhã ou depois já é hora de ir. Talvez o segredo esteja ai. Não olhar pra trás, deixar as coisas seguirem seu percurso, não interferir em nada. Se você, mesmo que por um segundo, sentiu minha falta, por favor, diga, eu estou começando a duvidar de tudo a minha volta até mesmo de mim, talvez você se lembre de mim quando eu finalmente te esquecer. Se lembre de quantos dias eu te dei e você jogou fora, se lembre de todas as vezes que eu dizia te amar e você não me respondia, se lembre do quanto eu quis estar aqui e estive.

Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver. Mas se eu parar quem vai ter história pra poder contar? Eu sei o final.. E é sempre igual

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Gotas de um chover qualquer.

Teus braços envolviam a fragilidade de meu corpo e circundavam nossas almas em um anoitecer. As gotas d’água absortas de um oceano, caiam sob nossas faces em quedas sutis. Meus olhos fechavam e abriam segundos depois, olhando os teus sorrirem. E sorriam tão bonito, sorriam como os de uma criança. Havia uma fortaleza resguardando nós, teus braços me protegiam do mal, do futuro incerto, das mentiras de outrora, teus braços em meus braços. Mas as gotas caiam forte e mesmo no mais singelo querer não podíamos ficar. Dançamos mais uma vez conforme nossos sonhos e deixamos mais gotas caírem em outrem. Mas tudo bem. Você me contaria histórias para dormir, inventaria castelos e dragões, bem aqueles que víamos nas nuvens, beijaria minha testa e me cobriria no inverno. Isso aconteceria se eu ainda fosse frágil, se você ainda estivesse aqui. Teus olhos distantes são agora incompreensíveis, não me dizem verdades, nem mentiras, não, não me dizem absolutamente nada. Braços, braços, não há mais braços. Há um pequeno rasgo entre aquilo que me fortalece. Tua boca é muda, muda da vida e de meus sonhos, de qualquer dito melancólico de insensatez. Não, não existem histórias… O dragão morreu? Pois não há nada, nada mais, nenhuma marca para contar a minha história. Nos divergimos em nosso próprio sangue. O mesmo sangue. Mas olhe, está chovendo lá fora… Não quer dançar novamente?

domingo, 5 de junho de 2011

Quiser

Uma salva de palmas, você conseguiu o que queria
Dê uma boa olhada no que você abandonou
Porque, veja só, não se pode desfazer um coração partido

E você consegue se lembrar de como eu a beijava?
Lembra-se do sabor doce em sua boca?
Pois, querida, tudo que lhe resta é a lembrança
Porque estou seguindo, seguindo, seguindo em frente

Tudo o que você quiser
Espero que você consiga tudo o que quiser
Porque eu consigo

Que cada manhã alegre você
E diga-me: você fica rindo sozinha até dormir?
Espero que você ache fácil me esquecer

Espero que você não sinta nada quando me ver
Fico imaginando se você está se divertindo por aí
Espero que você consiga tudo o que queria mesmo
Porque estou seguindo, seguindo, seguindo em frente

Você não vê que a luz mudou
E nada parece ser igual?
Apenas sombras no chão
E se você ouvir com atenção ouvirá o som

Tudo o que você quiser
Espero que você consiga tudo o que quiser
Porque eu consegui

via : Natalie Imbruglia (Want)

É claro – que tá tudo escuro.

Algo me diz que perdemos algo. Pode ser que não seja nada demais. Pode ser que seja a coisa mais importante do mundo. Não faz diferença.

A coisa mais importante do mundo, não é nada demais.

Você acha que o amor é tudo na vida e, de repente, vê que não sabe nadar.

É, você não sabe nadar. E se o avião cair no mar? O amor vai te salvar? Não, a natação vai te salvar. E se você escorregar na piscina? E se o barco afundar? E se um tsunami atingir a tua praia?

Eu tô nadando contra a corrente.

A: Bons amigos?

B: Mais do que amigos.

A: Menos do que amantes.

B: Menos drama.

A: Mais amor.

B: Mais paciência.

A: Menos indecisão.

B: Menos…

A: Menos?

B: Mais.

A: Agora?

B: Depois…

A: Depois vai ser diferente.

B: Se depois fosse óbvio, você não estaria aqui.

A: E se eu for embora?

B: Não seja tão óbvio.

via: Adiós, Esteban!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os Barcos

Você diz que tudo terminou
Você não quer mais o meu querer
Estamos medindo forças desiguais
Qualquer um pode ver
Que só terminou pra você

São só palavras teço, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença
Do que é amor ficou o seu retrato
A peça que interpreto,um improviso insensato
Essa saudade eu sei de cor
Sei o caminho dos barcos

E há muito estou alheio e quem me entende
Recebe o resto exato e tão pequeno
É dor, se há, tentava, já não tento
E ao transformar em dor o que é vaidade
E ao ter amor, se este é só orgulho
Eu faço da mentira, liberdade
E de qualquer quintal, faço cidade
E insisto que é virtude o que é entulho
Baldio é o meu terreno e meu alarde
Eu vejo você se apaixonando outra vez
Eu fico com a saudade e você com outro alguém

E você diz que tudo terminou
Mas qualquer um pode ver
Só terminou pra você

- Renato Russo