quarta-feira, 16 de junho de 2010

Rabiscos...

 Seria tua a minha primeira lamentação, a minha pressa, essa urgência que reparo e faço...
 Caneta e lápis na mão, papel, borracha.
Se a vida pudesse ter esse brio de apagar lembranças queria consolidar o amanhã, pegar as nuvens uma a uma e dar por começo a você. Tiraria o brilho das estrelas e em sussurros sopraria cada um a teu ouvido, te diria coisas e mais coisas que te mexeriam, calaria toda a minha voz e te cobraria um silêncio que viria distante, sofreríamos juntas a toda partida por nós.
 E então remoeríamos os discos, os dias, as vinhetas, as cantadas, os outros.
 Separaríamos cada parte da novela, rabiscaríamos em negrito cada dorzinha, choraríamos uma dor nova, eu guardaria um dia e você ficaria sorrindo por saber que amanhã a gente inventa algo e volta, separaríamos um cordeiro e mandaríamos a sacrifício só pra ter certeza que a religião está ao nosso lado, mas eu lembraria que seria dia e esse dia não viria porque não é nosso, lembraria que dia dezenove de setembro é um dia amargo que mal começamos já havia terminado, recordaria dez dias de abandono e felicidade... BORRACHA!
 Recomeça, repintamos esse dezenove, os dez dias, as lembranças, faríamos tudo diferente, ao menos aqui é uma certeza de que é o único lugar que eu sei que posso te guardar pra sempre. Não numa parede não pintada, não num dia dezenove que passou, não numa recordação barata, mas num livro da internet onde qualquer coisa que eu pense em fazer na hora marcada dá errado, te cobro um dia, mais outro, te cobro uma pressa, a mesma urgência...
 E não entendo nada, rabisco uma ou duas, apago. Só pra ter certeza de que não esqueço de lembrar... E ai me vem distante, a lembrança de que eu sei que esse amor que eu sinto não pode se apagar.
 rabiscos.

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