sábado, 26 de fevereiro de 2011

Depois do dia

Que noite fria
E abafada, pertinente ao meu sossego
Se me vejo, não percebo o que sustente
Mas prometi?
Sou contingente
Vertente do aparente
Ai, que me corrompe esse caminho que tomamos
Não sei aonde
Ainda em frente?
Perdi sua mão e seus carinhos num só dia
Talvez em anos
Mas eu te amo
Te amei por mais verões que primaveras
Mais que essa gente
Só não tive os colhões de ser valente
A noite é fria, mas sou mesmo uma avarenta
Vivo no passo de alcançar o não-agora
Há quem aguente? 
Perdão, eu te pedi, eu prometi, eu fiz de novo...
Passei adiante as sementes que chorei
Só não passei
Não te esqueci
A noite aqui há de ser meu por enquanto
Mas eu te amo
Vou me deitar mais uma vez calada
Mais uma vez aquietar o meu pecado
Naquele quarto
Um eco estranho?
Me entranho
É que eu te amo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De fato..

Minha maior felicidade era te ter ao meu lado, adeus.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Aquela estação

Escrevo-te porque já vivi
E se viveu, foi porque estive aqui
Me agarro ao que agora é vazio
No céu, teus olhos.. anil

Um abraço apertado, um beijo trocado
Dedos entrelaçados, um por-do-sol
Que enfim, silenciosamente ia apagando nossos planos

Na estrada silêncio, no peito noite;
Com um sorriso trago-lhe estrelas
Te amar amanhã, era o que mantinha de certeza

E naquela estação..
Um adeus.. suplicando.. perdão

Temo, porque já vivi
Vivo, porque já senti
De leve, mantenho a postura
Postura que se intitula errada;
Não sou tua cura.

E é incerto, sim, o que agora é certo
E mesmo que seja, brevemente que seja
Outro dia igual não chegará
E tais lembranças..
Esses dentro de mim jamais se esvairá.

- Enquanto o que eu acreditava se perdeu, eu sigo em frente estou de pé, ninguém pode tirar o que ja conquistei.. o medo renova a minha fé.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Hei de escrever-te um livro

Hoje hei de escrever um livro
E que trará o que sou e o que sei que sei
Mas cujas páginas de mais valor
Trarão impresso o sangue que não mencionei

Hoje hei de escrever um livro
Com mais cânticos que a própria escritura
Tanto usada por pobres como armadura
Quanto como prova de que a vida é dura
E que teve dias dos mais gentis

Obra essa, de primeira vã,
Certamente triste ao ponto de pagã
Mais triste fará sua ínfima autora
Se ao fim do ponto não se vangloriar pessoa
Tão rancorosa quanto não é o poeta

Comprada por quem o ler
Talvez lida por quem quiser fazer
E quem sabe achada, logo depois da ceia
Por alguém que pague uma vida inteira
Pelo pecado de por-lhe as mãos

E nessa obra escrita em folhas rotas
Hei de prender de mim o que for nuance
Esperas apenas mais algum romance?
Nunca será o que fui ou foi
Só um fantoche de meu próprio transe

Hei de escrever um livro
Saberei dizer, sucumbirá ao tempo
Não haverá repercussão dos séculos
Nem fortes ventos
Em seu auge vindos em seu favor

E ainda assim, com tamanho afinco
O farei despejo do que me foi vindo
O mundo acaba, não antes que nós,
- Em nossos versos lindos -
Ouçamos bradar mais uma vez um grito
Murmúrio pardo que farei ouvido

Pois esse livro
É mais que sentença
Há de ser tua culpa, e com tua licença
Minha libertação

Vou logo que saiba de minha tristeza
Soubeste ver em mim a realeza
Mas minhas feridas alçam maior vôo
Do que jamais tuas asas

E verás enfim o que de belo há em um tumor maligno
Já que a carcaça escassa do que me restar, o que de feio e pobre, como que em castigo
Hei de deixar que leve contigo.



Resposta

Te procuro nos lugares de sempre, porque meu corpo cansou de inventar outros. Tanto faz, não está aqui ou ali porque já não existe. Foi como a doença que alguma vez li e me fez rir, que vem, derruba e em si extingue. Mas fico em transe em ver então a sua sombra me olhar. Sombras tem olhos? Ambos sabemos que a sua sim. Fala comigo sem ouvir-me.

Ando em conversar só nos meus passos, ah! tinha uns meses que não chorava. Rodopia a tontura de teus sintomas, mas tudo é vulto. As proporções de viver não são as mesmas. Penso em perguntar porque hesitou. Quando foi que nos deixamos que não vi? Veio me chamar de Sol mais uma vez, porque a luz não reflete espectros. Perdeu um cado da viagem, mas nem o sinto.

Você de sombra com seus olhos só viu o que te conveio, deixou passar minhas tentativas. Talvez tenha pensado em mim, tenha ponderado umas duas vezes, mas teu passo nunca vacilou e por isso te sinto mágoa. Podia ter decolado logo. Sempre tão sensível, tão você que me impedi de ser eu, tão singelo. E eu altiva, de voz alta, um troglodita. Mãos rudes demais pra manusear uma estrela. Não tenho lugar a teu lado. Espero de pé - que é o que sou -alguém que eu possa levar sem medo de deixar cair. Alguém que me faça esquecer que não valho o papel em que escrevo. Alguém de pés no chão pra me acompanhar, ao invés das asas frágeis que eu nunca tive e que pensei poder roubar.

Enquanto espero, eu admito só bem dentro, bem baixinho: gosto de te ver voar. Desculpa se te segurei tanto tempo dentro do meu céu nublado.



Deixaste

Os braços já não são braços 
O corpo que não é teu
Me vejo em embaraços
Um ano e jamais tão fracos
Os laços do apogeu
Aquele que nos punha em fúria
Ruído sentido no mar
Do canto de baleias velhas
De marinheiros a se afogar
Deixaste-me, e deixaste triste
Um punho em riste
Punhado de coisa nenhuma
Foi meu porque fui tua
Meu amor não é falcatrua
Meu amor não é vulgar.

Deixaste-me, e deixaste triste
Pra trás
Nenhum olhar.



Monólogo frívolo sobre memórias.

Gosto tanto de gostar de ti
Assim, como somos nesse nosso encanto
E ainda assim, nada me espantaria
Acordar; próximo dia 
Gostando-te mais um tanto.

Pergunto-me se te faz feliz
Meu gostar assim, um gostar constante
E se gostas também de mim
Se só não diz
Ou passas adiante.

Gosto-te sempre bem mais que ontem
Podendo saber gostar-te menos
Dividir com teus sonhos meu bocado
Meu humilde apanhado
De sentimentos.

Ah, cá estou,
E tanta alma diz tanta besteira!
Gosto-te sim, e daí? Não me contento.
Não hei de o sentir, o contentamento
Nem te gostando a vida inteira.

Mas se me tocas a mão em relance
Ou se me vem como quem não esquece
Gosto-te, e isso me basta
Me deixa sem graça
Me enobrece.



Moça

Moça, minh'alma calou-se
Diante do mal que se ergue em azul
O mal não ser cinza, há quem negue
Mas não há olhar que carregue
Hoje o que em mim se calou.

Moça, há de ser provação?
Hão de ser as estrelas em vão?
Não mais hei de vê-las?
Hei de viver de cometas
Quando tudo em meu céu é constelação?

Moça, há explicação?
Meu corpo adentrou em fumaça!
E esse da mente disfarça
O que no coração ocorre.
- Refrato mil cores em lágrima -
Moça, será que isso passa?
Ou será que se morre?

Te digo, um mundo que cai
É um mundo que esteve em pé
Moça, se dói, bom sinal
Há um fundo no leito, e afinal
Há fundamento na fé.

Moça, meu peito sim, queima
Vi verde o pássaro e cantei à esperança
Fiz de um tropeço minha dança
E declamei em voz o que minto.

Mas o tempo há de ser o que teima
A alma, ser sempre criança
E os versos hão de fazer lembrança
A dor que deveras sinto.



...

Qual seria tamanha conexão entre ambas,o que me prende ainda entrelaçada em seus braços que faz esquecer-me de tudo em minha volta.O que seria essa dependência,essa necessidade de ter a presença,das duas partes assim por dizer.Tamanhas diferenças,que nos tornam quase completamente opostos,será então essa a razão,ou uma delas,na verdade também prefiro não saber.Definir saudade é tão difícil quanto guardar uma lembrança vaga que marcou esse tal presente que hoje nos faz sermos o que somos.Se minhas vontades são apenas pensamentos guardados,prefiro ter tua companhia e um copo de alguma bebida barata que me faça perder os sentidos em meio a sorrisos noite a dentro.


via : desvaneios